Como eu já expliquei, há 7 anos, quando eu ainda morava em São Bernardo, partcipei de um grupo de Sabinenses, que através de e-mails, relembravam das pessoas e das histórias de nossa cidade.
Hoje publico algumas histórinhas que vivi quando criança  e que citam o Oílio e outras pessoas.
O texto foi escrito e enviado para o grupo em 8 de abril de 2004.
       " Sabinos, acredito que as pessoas que nos agradaram quando crianças, acabam nos sendo simpática pelo resto da vida.
       O contrário também é verdadeiro.
       Quando eu tinha entre nove e dez anos morei na rua Princesa Isabel.  Era bem próximo da casa do Oílio soldado, pai do Mário Luiz, da Maria Lúcia e do Marquinho, que hoje é vereador pelo meu PSDB do coração.
       Como eu já citei diversas vezes, muito pouco se tinha a fazer em Sabino  no início dos anos setenta. Nem a televisão era como hoje. "Pegavam" apenas a Tupi e a Globo e para sintonizar a Record tinha que virar a antena para Rio Preto e ... rezar dar certo. 
       Quando chegava circo era motivo de agitação na cidade.
       A molecada logo depois da aula ia para o campo onde ele estava sendo armado e ficava a tarde inteira ao redor . Vendo tudo  especulando muito.
       Logo todos sabíamos da programação: "dia tal vem o Duo Glacial"..."vai ter luta contra a Índia Paraguaia"..."tem trapezista"...etc, etc, etc.
       Pois bem , numa dessas vezes em que o circo esteve em Sabino, eu queria ir todas as noites assistir aos "espetáculos". 
        Minha mãe me dava dinheiro, mas não para ir todos os dias. Porém, eu ia e varava.
       Para quem não sabe o que é varar circo, saiba que foi uma das coisas mais emocionantes que já fiz.
       O esconderijo, a vigília, a corrida, ergue-se o pano e rapidamente já se sobe à arquibancada e
acomoda-se como se tivesse pago até mais que qualquer outra pessoa.
       O tal circo a que me refiro chamava-se Argentino. Era muito bem arrumado e organizado em
relação a todos os outros que apareceram em Sabino.
       Não tinha furo no pano, era bem cercado e bem vigiado. Difícil para varar, mas de vez em quando eu conseguia.
       Um dia, eu estava na entrada do campo, com a maior cara de coitado, esperando a melhor oportunidade para varar o circo, quando chegou a Maria Lúcia, sua mãe e o Veiâo ( Oílio ). Eles não precisavam pagar ingressos, pois como o Oílio era policial, tinha essa cortesia do circo.
       Não sei direito como foi, mas nesse dia a Malu, que já era moça, me colocou para dentro como se eu fosse membro da família Osório Dias, e a partir daí entrei todas as noites no circo como se fosse irmão, primo,  sobrinho, ou  sei lá o que , da Malu.
       Acho que ela nem se lembra disso.
       Sei que até hoje sou grato a ela, que já faz no mínimo uns 14 anos que não vejo,e tornei-me seu fã de carteirinha.
    
       O Mário Luiz era meu amigo. Era mais velho que eu, mas sempre me deu muita atenção e quando andei aprontando em casa ( coisa de adolescente ) me chamou na Caixa Econômica, onde trabalhava, e me deu conselhos e broncas.
       Esse foi embora cedo...Como acontece com os bons.
               O Padre Silvestre uma vez juntou-se ao Oílio e formaram uma espécie de polícia mirim.
       Tinha treinamento físico, de ordem unida, futebol e catecismo - afinal era o padre quem promovia a coisa, né  - e era muito legal. Pra nós daquela Sabino de 1975/76.
         O Oílio era o nosso oficial comandante. Quando encontrávamos com ele na rua éramos obrigados a bater continência  e dizer ainda " boa tarde seu Oílio ".
              Ele era rígido e bastante severo com quem não cumprisse as regras estabelecidas.
           Eu e o João Luiz Gabanela fomos promovidos a cabo. Quando Oílio ficava com o " saco cheio  " de nós todos entregava o comando a mim, e ao João Luiz, e judiávamos dos  nossos pelotões. Até quem um dia o Oílio flagrou eu e o João comandando a ordem unida e a marcha, de maneira tal que os pelotões atravessavam um por dentro do outro, numa coreografia nada militar, uma zorra enorme...Foi um " carcada " como nunca vi igual.
         Como éramos felizes... 
        Quando fui crescendo, foi aumentando minha proximidade com Oílio e até cantei no carnaval com a furiosa em diversas ocasiões. Subia lá e ficava cantando com o Careca e o Adão... Bem de oferecido.
       Mas num carnaval, em 83 o Adão bebeu e passou mal já na primeira noite , o Careca ficou rouco ou foi visitar alguém de sua família no hospital...não importa ...Só sei que já na furiosa de domingo e para todos os bailes seguintes não havia cantor.
       Lembro-me que o Renato, perguntou para seu pai, João Goulart : - "Pai e cantor para o carnaval ?" e o João respondeu, coçando a barriga e com seu inseparável cigarro a mão (Arizona curto ou sem filtro)- "Ó o cantor aí."
     Olhei para trás para ver quem ele estava apontando com a cabeça e não havia ninguém. O  "CANTOR " era eu. Senti uma mistura de contentamento e medo, pois sempre subi ao palco de curioso e sem a responsabilidade de puxar o carnaval.
     Mas, deu tudo certo, com a força do Oílio, Lavínio, Lourenço, Tirisco, Samuel, Adauto, Nelson Reis...Será que esqueci  de alguém? " 
Fica aqui registrada a homenagem do Blog do Ruyzinho a mais um sabinense querido e que deixou saudade.
Obs: Estou a procura de uma foto do Oílio para ilustrar o post. Assim que conseguir, a publicarei.