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terça-feira, 31 de maio de 2016

Ruyzinho comenta a vida de Gilmar Siviero.




Faz tempo que não escrevo neste meu blog, inaugurado em julho de 2011.

Por questões pessoais optei por suspender minhas publicações por algum tempo.

Todavia, para registrar um triste fato da história de nosso município, volto a escrever.


      Gilmar José Siviero


Foto de novembro de 2013, comemorando meu aniversário




Se fosse para ser seguida a "lógica" deste blog, este post começaria assim: Faleceu, no domingo último, Gilmar José Siviero, ex prefeito de Sabino, aos 57 anos de idade...


Contudo, todos já sabem desta notícia, triste, que se espalhou como um rastilho de pólvora, logo após o fato ter ocorrido.

Quero que o blog registre muito mais que a morte, trágica, de Gilmar Siviero. Que registremos aqui sua vida, que  se confunde com a história de nosso município.

Dizer que o Gilmar Siviero foi o melhor prefeito que Sabino já teve é uma redundância, pois suas realizações falam por si.

Como bem disse meu amigo Ageu, Sabino se divide em "antes" e "depois" de Gilmar.

Gilmar era sobretudo uma grande liderança política. Tinha um grande carisma pessoal.

Foi duas vezes vereador e por três vezes prefeito. Se preparava para disputar sua quinta eleição para chefe do executivo municipal.

Começamos juntos na política, no longínquo 1982.

Naquela ocasião ajudei-o em sua campanha para vereador, na chapa dos candidatos do Hélio Savazzi, que disputava seu quarto mandato como prefeito.

Não esqueço até hoje o número do Gilmar, 45620.

Foi eleito. Último colocado entre os eleitos. Mas a partir daí sua carreira ascendeu.

Fomos aliados muitas vezes. Fomos adversários em outras. Inclusive, por causa de um desentendimento entre nós dois, em 1992, o Gilmar não pode ser candidato a prefeito, e lançou em seu lugar seu cunhado, o Labica.  Labica acabou sendo eleito graças à estrutura de campanha e costura política que  há muito tempo Gilmar já vinha preparando.

Anos depois, eu e Gilmar comentávamos sobre esse nosso desentendimento e ambos concluíamos que essa briga não passou de falta de maturidade de dois jovens tolos, como são todos os jovens.

Não acompanhei de perto toda a carreira política do Gilmar, mas confidencio a todos vocês que tive participação em todas as suas campanhas em que disputou a prefeitura.

Não era raro ele me ligar em São Bernardo do Campo, onde morei por 20 anos, para que eu palpitasse numa questão ou outra.

Pra vocês terem uma ideia, em 1996 eu lhe sugeri o nome do Luizinho Carnicer para acompanhá-lo como vice naquela disputa eleitoral. Fiquei feliz em ele ter aceito essa sugestão.

Também algumas vezes redigi, ou, acrescentei algo em seus discursos ou pronunciamentos.

O Gilmar me respeitava muito e esse respeito era recíproco.

Na ocasião do processo em que culminou na cassação do prefeito e do vice eleitos em 2012, eu não discutia as petições que  redigia, seu conteúdos e fundamentações, com nenhum outro advogado. Eu trocava opiniões era com o Engenheiro Gilmar.

Formado na área de exatas, Gilmar lia muito, era muito culto, e tinha um conhecimento na área do direito que muitos colegas advogados não têm.

Não quero apenas falar do homem público, do político e administrador Gilmar Siviero.

Quero e gosto de tecer comentários relacionados ao homem, ao amigo, ao bom pai, ao bom marido, ao bom filho e irmão que foi o Gilmar.

Convivi muito com o Gilmar.

Em 1974,  quando eu tinha  quase dez anos de idade, atuei numa peça de teatro ( A Casinha de Aço ), no antigo Moto Clube, onde Gilmar representava um fazendeiro malvado, escravocrata, chamado José Santana. E eu era seu filho, um menino cuja morte foi prevista por uma cigana, que dizia que esse morreria atingido por um raio.

Um dias desses o Gilmar encontrou no Youtube a música que contava essa história e me enviou. Recordamos e demos algumas risadas. (segue o link   Casinha de Aço)

Frequentei muito sua casa, desde quando era solteiro (mas nessa ocasião era na casa da Vera) e conversávamos sobre tudo, e não somente sobre política como muitos imaginavam.

O Gilmar, assim como eu, gostava de cozinhar.  Vivia inventando.

Gostava de festas em família, e sendo assim promovia muitas.

Adorava estar perto da esposa, filhos, pais, irmão e sobrinhos.

Era carinhoso com todos eles.

Esposo e pai dedicado criou dois filhos que são exemplos de pessoas bem educados e cordiais.

O Gilmar era bom amigo e muito me aconselhou quando eu era adolescente e mais descabeçado do que sou hoje.

Eu sentia pelo Gilmar o mesmo sentimento que sentimos por um irmão. Um amor fraternal.

Se brigávamos?

Lógico que sim. Muitas e muitas vezes.

Mas nunca brigamos de forma que impedíssemos uma reconciliação.

Quando criei o Blog do Ruyzinho, eu informei ao Gilmar que o blog assumiria um tom bem crítico à sua administração, mas que não deixaria de elogiá-la quando assim merecesse.

O Gilmar olhou de lado, deu um sorriso, e disse brincando "ai, ai, ai... to ferrado".

O Blog do Ruyzinho criticou muita a administração Gilmar. Por ser seu amigo e querer demonstrar isenção, talvez eu tenha mais criticado que elogiado.

Voltando a falar do Gilmar político, mas somente para que o conheçam melhor como pessoa, quero registrar que o Gilmar não guardava sentimento de raiva ou ódio para com seus adversários. Muito pelo contrário.

Somente uma vez que o senti muito magoado com um vereador de oposição que misturava o combate político com as questões pessoais, e acabava ultrapassando os limites aceitáveis na briga política.

Porém, em vez de revidar aos ataques, o Gilmar simplesmente ignorou o rapaz,  que nunca teve a coragem de levar suas criticas até seu gabinete de prefeito e tentar dialogar de forma sensata.

O Gilmar nos deixou muito cedo. Com apenas 57 anos de idade.

Pelo que aprendi, dentro da religião que frequento, sua missão devia já estar cumprida aqui na Terra, e, por isso, se foi.

Foi-se, modo de dizer, pois sei que ele estará sempre aqui ao nosso lado.


Gilmar, não descanse em paz. Ao contrário. Continue trabalhando, assim como você fez aqui na Terra, de forma intensiva, progressiva e eficaz. Só que ago agora no campo espiritual.


A saudade já é grande.


Esquecido você nunca será, por tudo, que já escrevi acima, que você fez na vida pública e particular.

De minha parte, deixo aqui o meu muito obrigado por ter te conhecido e por você ter sido parte de minha vida.

Esteja com Deus, meu amigo.



                                     Mensagem de despedida do mandato, dezembro de 2012




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