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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Alex Beloto, sabinense e advogado: "Um país onde o faz-de-conta acontece"



O Alex é um grande amigo meu de Sabino que há alguns anos reside e trabalha na capital do Mato Grosso, Cuiabá.

Eu, relatar aqui para vocês sobre sua inteligência e capacidade, seria  uma redundância diante do texto de sua autoria, publicado na imprensa de sua cidade, que posto aqui agora.







"Um país onde o faz-de-conta acontece"


ALEXANDRE BELOTO

Uma vergonha. 

Poucas palavras, talvez, expressem tão bem o atual momento de nosso País. A corrupção instalou-se de forma avassaladora. Os números são eloquentes. Se, por um lado, somos uma das dez maiores economias do mundo, com um PIB superior a U$ 510 bilhões, pelo outro vemos bilhões escoarem criminosamente pelos ralos da malandragem, da picaretagem e do compadrio, amargando um sistema de saúde falido, uma educação deficiente, uma segurança insegura, entre outras desventuras.

E o eleitor faz de conta que de nada sabe e na hora de votar, fecha o olho, aperta o botão e pronto. Tudo fica como dantes no quartel de Abrantes.

Num primeiro momento de nossas vidas, aprendemos com nossos pais a fase do ser: é preciso ser honesto, ser educado, ser respeitoso, ser leal, ser digno.

Atualmente, estamos presenciando a fase do faz-de-conta.

Hoje, as pessoas fazem de conta que está tudo bem. Os pais fazem de conta que educam seus filhos, filhos fazem de conta que são educados, professores fazem de conta que ensinam, alunos fazem de conta que aprendem, tudo isso alicerçado numa política de governo de faz conta que é pelo bem do Brasil.

Os mandatários fazem de conta que se preocupam com o povo e o povo, infelizmente, faz de conta que acredita naquela preocupação e, como cordeiro, vai indo em frente.

Doentes nas filas mil fazem de conta que tem uma saúde onde podem se socorrer quando necessitar de tratamento. Estes mesmos doentes fazem de conta que não sabem que o pessoal do andar de cima tem um tratamento diferenciado, gratuito, nos melhores hospitais e médicos.

A marginalidade faz de conta que é digna e que é injustiçada socialmente.

Muitos pais fazem de conta não saber que seus filhos são usuários de drogas e que estão se matando aos poucos e os filhos fazem de conta que os pais a tudo desconhecem.

A maioria da população faz de conta que está tudo bem, fechando os olhos para os problemas que assolam os lares das pessoas de bem.

Neste país, faz de conta que todos são iguais perante a lei.

Uma coisa, porém, é certa. Não podemos olhar no espelho de nossa consciência e fazer de conta que está tudo certo. Podemos até arranjar algumas desculpas para explicar nosso faz de conta, mas não justificá-lo. Importante dizer que esta representação no dia-a-dia, esse faz de conta, causa prejuízo para aqueles que lançam mão desse comportamento. 

As pessoas, em assim procedendo, acabam confundindo a si mesmas e caem num vazio, pois nem elas mesmas sabem quem são de fato e acabam numa frustração sem fim, como aquela de tentar responder "quem sou, de onde vim, para onde vou?"

Entretanto, como em toda regra existe exceção, raras pessoas agem com autenticidade, realmente. Por isso, elas se destacam em seus ambientes de trabalho, não fazem tipo, são o que são, sem fazer alarde. São profissionais éticos, competentes, amigos leais, pais zelosos na educação dos filhos, políticos honestos, religiosos íntegros. São pessoas especiais, descomplicadas, de atitudes simples, mas coerentes e, acima de tudo, fiéis a si mesmas e a seus ideais.

Quem esconde a realidade, finge, faz tipo, quer sempre dar a impressão que está tudo maravilhoso, quer mostrar ser perfeito, bonzinho, acumulando, no seu dia-a-dia, toneladas de problemas, tornando-se uma estátua de ouro com pés de barro.

Verdade seja dita. Concordar com tudo é, apático, ver as coisas como estão é fazer de conta que é brasileiro, que é patriota, que é esperançoso em grandezas mil.

Afinal, temos sempre que sonhar com um Brasil melhor, pois não há nada mais trágico do que saber o que é certo e tomar atitude diversa. Depois, não adianta choramingar, uma vez que não é aos outros que prestaremos contas das nossas ações, e sim a nossa própria consciência.

ALEXANDRE BELOTO DE ANDRADE é advogado na Procuradoria Fiscal do Município de Cuiabá, pós-graduando em Direito Empresarial, membro da Comissão de Direito Administrativo, da Comissão de Estudos Tributários e Defesa do Contribuinte da Ordem dos Advogados do Brasil/Seccional Mato Grosso.

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