Reprodução do artigo publicado na edição de hoje do Jornal A Cidade
Na edição impressa constam as cópias dos documentos citados no artigo: notas fiscais, atestados, cheques, etc
Irregularidades na APAE
de Lins – parte II
Artigo especial de
Ruyzinho Arruda sobre as denúncias de funcionários da APAE de Lins contra o
administrador da entidade
Semana passada a Coluna do
Ruyzinho noticiou que diversos funcionários da APAE de Lins vêm apresentando
acusações contra o administrador da instituição, senhor Marcos Alves Angotti,
que é filho do presidente e fundador da entidade.
Durante a semana fui atrás de
investigar mais um pouco as denúncias e também tentei obter algumas respostas
do senhor Marcos Angotti sobre as acusações que pairam sobre sua pessoa.
Trago nesta reportagem especial
para o A Cidade novos fatos que são estarrecedores e que poderão levar a justiça a determinar a
intervenção do poder público junto a APAE de Lins
Agressões
a aluno e funcionários
Os funcionários que apresentam as
denúncias, no momento, não querem se identificar. Têm medo de represálias de
Marcos e sua esposa, que também trabalha na APAE de Lins.
Eles dizem que certa vez, pelo
fato de um dos alunos da APAE, que todos sabemos possuem defasagem de
inteligência, ter xingado uma estagiária, o senhor Marcos Angotti, que recebe
da instituição como seu administrador e procurador, teria ido até a sala do
aluno, o chamou ao corredor e segurando–o pelo pescoço o repreendeu.
Uma das testemunhas do acontecido
narra o fato chorando e se culpa de não ter reagido em defesa do aluno.
Após ter sido repreendido pela
diretora pedagógica da instituição que ficara sabendo do ocorrido, Marcos teria
intimidado as testemunhas para que não contassem o que viram.
Não são poucos os funcionários
que dizem que Marcos se dirige a eles com gritos e xingamentos.
Privilégios de Marcos e Márcia
“Mas não é só ele não que age
assim” – diz uma funcionária – “a esposa dele, Márcia, também nos agride.
Ela diz que a APAE pertence a eles ( Marcos e esposa) e que lá eles podem fazer
o que querem”.
Pelo que este colunista pode
apurar, Márcia falta muito ao trabalho, e para justificar essas faltas e não
ter descontos em seu salário, apresenta atestados médicos que seriam dados por seu sogro, presidente e
fundador da entidade.
Atestado não possui o diagnóstico ou número do CID
É de conhecimento público que seu
sogro é médico, mas que com 90 anos não tem mais exercido a profissão. Além
disso, pelo documento que este colunista teve acesso, não podemos saber sequer
se é o sogro mesmo quem assina os atestados, já que ele não apresenta número de
CID ou qualquer diagnóstico. Só dize que a funcionária Márcia deve permanecer
em repouso por 2 dias. Em qualquer empresa séria esse atestado médico seria
recusado para se abonar as faltas de um funcionário.
“Também quando a entidade passa
por dificuldades, o salário de qualquer um pode atrasar, menos o dele (
Marcos)” – conta outra funcionária.
Em 2012, o governo estadual
liberou uma verba oriunda de emenda parlamentar do deputado Vinicius Camarinha,
no valor de R$ 70.000,00, destinada à construção da Casa Lar da APAE de Lins.
Acontece que as obras não saíram do papel e o dinheiro foi utilizado por
Marcos, entre outras coisas, para pagar seu próprio salário de R$ 2,488,00.
Questionei, via e-mail, o senhor
Marcos Angotti se essa verba ainda existe e onde foi utilizada, mas até o
fechamento desta edição ele não havia respondido.
Rifas
O grupo de funcionários, que acusa Marcos Angotti de desvio
de recursos da APAE de Lins, também cita as rifas usadas para angariar dinheiro
para obras de melhorias na entidade como
mais uma irregularidade de sua autoria
“Ele usa bens da entidade, que foram comprados para serem
utilizados em benefício dos alunos , e
que foram adquiridos com recursos oriundos de convênios públicos, como prenda e
prêmio de rifas das quais não existem controle algum de números vendidos.” – relatou um dos denunciantes ao
colunista.
Para comprovar essa acusação me foi apresentado notas fiscais
de um aparelho de DVD e de um Televisor, que
foram rifados por Marcos, embora devessem estar sendo usados para
alegrar o ambiente dos alunos da instituição.
Superfaturamento na
reforma da cozinha e banheiro precário
Dizem os funcionários que Marcos superfaturou a reforma da
cozinha da entidade, que teria custado R$ 40.000,00.
“Lá não tem nada para
que custasse tudo isso” – diz uma funcionária – “enquanto ele diz que gastou R$ 40.000,00
para reformar a cozinha, o banheiro dos alunos se encontra em condições
precárias e mal cheiroso, não possui assentos e nem papel higiênico”.
Na última semana esse colunista recebeu o telefonema do
senhor Marcos Angotti, que disse que todas as acusações que lhe fazem já foram
investigadas pelo ministério público e arquivadas.
Entretanto, isso não significa que elas não sejam
verdadeiras.
As funcionárias alegam que o representante do ministério
público analisou a questão superficialmente.
Na próxima semana tentarei entrevistar o promotor que teria
cuidado desse caso.
O fato é que o senhor Marcos não respondeu para este
colunistas as perguntas que lhe foram feitas.
Enviei ao senhor Marcos mais de uma dezena de perguntas
relacionadas a todas essas acusações que lhe fazem.
Marcos Angotti não explica o porquê usou o dinheiro da emenda
parlamentar para pagar o próprio salário, nem também respondeu o quanto resta
desse dinheiro na conta da instituição, embora a obra não tenha sido realizada.
Também nada declarou sobre o possível superfaturamento da
reforma da cozinha da APAE, nem sobre as agressões aos alunos e funcionários.
Apenas disse que o empréstimo que fez para a instituição,
noticiado aqui neste jornal na última semana, foi feito dentro da lei.
Jamais este colunista disse que o empréstimo de marcos para a
APAE tivesse sido feito em desacordo com a lei.
Só disse que o empréstimo de R$ 14.000,00 a serem pagos dali
a um mês, em 30 parcelas de R$ 1.000,00, foi extremamente vantajoso a Marcos
Angotti.
Acho que tal transação não é reprovada pela lei e sim pela
ética, pela moral.
O próprio administrador da entidade, filho do presidente,
contrair empréstimo de si próprio, com juros desse porte, não é algo natural de
ser visto em instituições beneficentes.
O colunista também apurou que o prefeito Edgar de Souza
determinou que a equipe técnica da prefeitura de Lins apurasse as acusações e a
situação em que a APAE se encontrou.
É sabido que algumas parcelas do convênio da APAE com a prefeitura de Lins não estavam sendo pagas
devido a irregularidade na instituição.
Também ouvi colaboradores da APAE que disseram ter somente
uma certeza nessa história toda: O Dr Paschoal Angotti, presidente e fundado da
APAE, desconhece as possíveis irregularidades que possam ter sido realizadas
por seu filho.
Pela minha experiência como advogado e jornalista, posso
dizer que ninguém é culpado até que se prove o contrário, porém, “existe caroço
embaixo desse angu”, e que sendo assim, o melhor para a apuração dos fatos e
para a APAE de Lins, seria que Marcos Angotti fosse afastado de suas funções
até o final das investigações.